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REGISTROS

Curtindo com a obra do artista australiano Erwin Wurm.

Exposição ótima no CCBB do Rio,  novembro de 2017.

Foto de Mariana Medeiros.

Com meus queridos amigos, que já partiram, o jornalista Orlando Santos e o marchand Jean Boghici

Com os amigos Jorge Getúlio Veiga e Cícero Dias durante o lançamento do livro do artista pernambucano na Unesco

em Paris. A obra foi produzida por mim com a coordenação editorial

de Jean Boghici. Foto de André Morain.

Sendo retratado pelo artista e amigo

Jorge Eduardo.

“Eu vi o mundo... ele começava no Rio.”

Por Priscilla Porto Nascimento

 

APESAR DE SER PERNANBUCANO, foi no Rio, no início da década de 80, que Antonio Benício Bizerra nasceu como artista e foi batizado de Biz. Aqui, Benício Biz encontrou seus dois amores: Lia e a Arte.

A atual exposição, realizada no charmoso espaço do restaurante Adelos, no centro da cidade, reflete essa relação indissociável entre vida e arte. O artista completou 61 anos e sentiu a necessidade de se reinventar, voltando a expor seus recentes trabalhos.

A composição Amar Elo (2013), uma releitura da obra A Cama Vazia (1982), é um signo dessa relação de amor com a mulher, com o mar e com a paisagem da cidade. Essa interação entre homem e objeto se evidencia no recurso utilizado pelo artista de não interromper a linha do horizonte, mesmo tendo a cama, em primeiro plano.

As referências do artista são reveladas na escolha da paleta de cores nos tons de azul, vermelho, verde e cinza, nos planos separados por linhas horizontais e faixas de cores, além da temática, como podemos nos deleitar na acrílica Rio (2010), que parece inspirada na singular obra “Paisagem com o bondinho do Pão de Açúcar” (1970), de Cícero Dias.

Na série Paisagem (2011), presente na mostra, assim como Jardim (2012) e Rio: Limpo e Colorido (2006), os elementos que compõem a paisagem do Rio, como a copa da árvore, as flores do jardim, o peixe e as nuvens, são feitos com colagens de um material metálico, muito delicado, que dão um tom poético às pinturas. O tom de azul predomina, seguido pelo verde, o branco e detalhes em tons quentes como o rosa e o laranja.

A constante presença dessas nuances suaves em suas criações tem como contraponto a Composição Vermelha (2012), marcada pela combinação rubro-negra, entrecortada pelo contorno amarelo, diluído, de alguma cena da cidade.

Em Bandeiras (2012), mais uma vez, o artista geometriza de forma lúdica o espaço, deixando transparecer as influências do movimento Neoconcretista do Rio da década de 50, quando houve o boom de uma arte abstrata, intuitiva e orgânica.

Na obra Homem/Caixa (2013), autobiográfica, um homem é sustentado pela paisagem que observa. O homem está dentro de uma caixa branca de teto azul, sobre o fundo branco. O destaque da cor verde na parte inferior, no centro do quadro, conduz o olhar para a cena contemplativa.

Benício, em sua poiesis, indica que é possível ressignificar elementos da paisagem do Rio de Janeiro, a partir de uma construção baseada em fragmentos do discurso amoroso do artista plástico. A seleta exposição aguça o desejo de conhecer outros olhares do artista. Queremos Biz!

Sobre a autora: Priscilla Porto Nascimento é mestre em Ciência da Arte (UFF) e autora do livro A Relação ética da arte na sociedade do espetáculo, co-edição da Editora da UFF e Benício Biz.

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